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O Precedente Eldraine e o futuro da Lore de Magic.
Neste artigo, eu te convido pra uma viagem pelos precedentes que definem os retornos dos nossos planos favoritos — de Eldraine a Zendikar, de Tarkir a Alara. Bora teorizar, especular e, claro, viajar um pouquinho na Lore que a gente tanto ama.
24/06/2025 18:05 - 2.013 visualizações - 5 comentários
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Precedente, segundo o dicionário, é um fator anterior a outro, ou que o antecede. No linguajar jurídico (ou juridiquês, como costumo chamá-lo desde os tempos em que estudei Direito), precedente representa uma decisão anterior sobre determinado tema, que pode ser usada como referência ou regra geral na resolução de um problema semelhante. Em outras palavras, trata-se de uma decisão passada utilizada como base para lidar com uma situação atual.


Neste ponto, metade de vocês provavelmente já caiu no sono ou abandonou este artigo — e eu entendo. Eu mesmo mal lembro das minhas aulas de Direito Internacional. Mas prometo que vai valer a pena continuar. Toda essa introdução tem um propósito. Como mencionei no meu último artigo, essa época do ano é especial: ela me permite explorar temas tangenciais às lores das coleções, sendo muitas vezes o período ideal para lançar textos mais experimentais.


Pois bem, conversei com minha querida chefia aqui na LigaMagic (salve, rapaziada!), e nos próximos meses teremos dose dupla de Bruninho para aproveitar essa janela criativa. No artigo de hoje, vamos analisar as coleções de retorno, o caso que chamo de “Precedente Eldraine”, e teorizar um pouco sobre o que pode vir a seguir. Contudo, é sempre bom lembrar: tudo aqui é pura especulação e teoria — afinal, ainda não sou funcionário da Wotc (me nota, senpai). E se você discordar de algo que eu disser aqui, peço apenas que mantenha a educação nos comentários.


- Dito isso, vamos voltar um pouco no tempo.

 

 


● Análise de caso

 

Vamos começar este nosso estudo de caso de forma bem simples: destrinchando o que são as coleções de retorno. Hoje, na era dos Universes Beyond, é difícil imaginar que houve um tempo em que a Lore de Magic ficava restrita a um único plano. Mas a verdade é que, até o lançamento do bloco de Mirrodin (2003–2004), a história de MTG estava quase que inteiramente ligada à Dominária.


Eu sei que alguns espertinhos vão mencionar os blocos de Tempestade e Máscaras, que se passam, respectivamente, em Rath e Mercádia, mas, para este caso, não considerei esses planos, já que, tanto visual quanto mecanicamente, eles ainda são fortemente associados ao que podemos chamar de “Magic Tradicional”, com inspirações nas raízes rpgisticas do jogo. Mirrodin é um marco na história de MTG não apenas por ser a primeira expansão com uma estética totalmente original (bem distinta de Dominária), mas também por ter sido a primeira a apresentar o segundo modelo de borda de Magic e introduzir os equipamentos, um subtipo de artefato que hoje é parte essencial do jogo.


A partir de 2003, fomos sendo apresentados a novos mundos que cativaram — ou não — nossos corações aventureiros. Alguns desses mundos se tornaram tão populares que receberam o que chamamos de coleção de retorno: uma nova aventura em um universo já conhecido. O primeiro bloco de retorno foi Cicatrizes de Mirrodin (2010), seguido logo depois por Retorno a Ravnica (2012). Até hoje, Ravnica é o plano não-Dominária que mais recebeu retornos, sendo inclusive o motivo da existência do termo (MKM foi o retorno do retorno do retorno a Ravnica).

 

 

Embora não exista uma regra clara sobre qual plano receberá um retorno — ou quando isso acontecerá —, podemos analisar os precedentes para entender um padrão: mesmo com o número de planos aumentando constantemente, o tempo entre suas visitas tem diminuído. Entre a primeira passagem por Mirrodin e seu retorno, tivemos a introdução dos planos de Kamigawa, Ravnica, Lorwyn, Alara e Zendikar. Até então, tínhamos o que irei chamar de "precedente Mirrodin", que dita que o intervalo mínimo entre duas coleções situadas no mesmo plano era de seis anos. Alguns exemplos desse caso incluem:

 

Mirrodin (2003) e Cicatrizes de Mirrodin (2010);

 

Ravnica (2005), Retorno a Ravnica (2012), Guildas de Ravnica (2018) e Assasinato  na Mansão Karlov (2024);

 

Zendikar (2009) e Retorno a Zendikar (2015).

 

Isso não significa que, após seis anos, um retorno se tornava obrigatório — apenas que ele se tornava mais provável. Casos como Kamigawa e Lorwyn ilustram essa flexibilidade: ambos esperaram 18 e 19 anos, respectivamente, para receberem novas coleções.


Essa métrica se manteve até 2016, com o lançamento do bloco Sombras em Innistrad. A popularidade massiva do plano gótico em nossa primeira visita, em 2011, levou a Wotc a adiantar o retorno, criando assim o "precedente Innistrad". Os subsequentes retornos tanto a Innistrad quanto a Zendikar seguiram esse padrão, acontecendo cinco anos após a primeira coleção de retorno.Atualmente, um novo precedente foi estabelecido em 2023 com o lançamento de As Terras Selvagens de Eldraine, a primeira coleção de retorno a acontecer apenas quatro anos após a estreia do plano.


Com isso, e considerando a Escala Rabiah de Mark Rosewater, podemos traçar algumas categorias para cada plano.


 

Reparem que não incluí Mirrodin/Nova Phyrexia devido ao seu status atual de estar fora da realidade. Também deixei de fora coleções que tiveram suas estreias fora do Standard (T2), como Fiora e Kylem.


- Vocês devem estar se perguntando: por que toda essa análise?


Bom, a partir de agora, vamos teorizar quais planos poderão aparecer no futuro próximo de Magic, e quais provavelmente ainda vão demorar um pouco para retornar.

 

● Teorizando

 

Vamos começar pela categoria dos planos "lendários". Embora o nome seja pomposo, ela representa, na verdade, uma subcategoria do grupo A — onde se encontram os planos com menor probabilidade de retorno. Aqui estão incluídos planos como Kamigawa, Lorwyn–Shadowmoor e Tarkir. Acredito que esses planos tenham demorado tanto para retornar por conta de suas temáticas extremamente específicas. Tanto Kamigawa quanto Lorwyn eram fortemente centrados em mecânicas tribais que, com o tempo, passaram a mais atrapalhar do que ajudar na aceitação das coleções. Por isso, acredito que quando LorwynShadowmoor retorne em 2026, ele passe por uma mudança temática, possivelmente adotando conceitos mais compatíveis com o cenário atual do Standard — algo similar ao que foi feito com Kamigawa, em Neon Dynasty (2022).


Considerando o espaçamento histórico entre os retornos desses planos, não imagino que vejamos nenhum deles retornando em menos de seis anos, já que promovê-los à categoria C (planos com alto potencial de retorno) tão rapidamente seria uma aposta arriscada demais.

 

 

Ainda dentro da categoria A, temos os chamados planos míticos: Theros, Amonkhet e Avishkar. Entre esses, um forte candidato a retorno em breve é Theros. Sua primeira volta aconteceu sete anos após sua estreia, o que sugere que um novo retorno poderia ocorrer em um intervalo similar — entre 2026 e 2027. Considerando que Theros tem uma Escala Rabiah 3, possui design e mecânicas bem aceitas e ainda conta com um gancho narrativo deixado em Marcha das Máquinas, minha aposta é que veremos Theros novamente em 2027.


Outro plano que considero um forte candidato ao retorno é Alara. Na época de seu lançamento, duas barreiras dificultavam seu retorno: A dificuldade de estabelecer uma nova história após os eventos de Conflux e as limitações técnicas para construir decks de três cores com os recursos disponíveis na época. Hoje, nenhum desses fatores representa um obstáculo. A Marcha das Máquinas oferece ferramentas narrativas que podem reconfigurar a lore, permitindo histórias inéditas, e os decks multicoloridos — até mesmo os de quatro cores — já são viáveis no Standard atual. Considerando a Escala Rabiah 5 de Alara, e alguns outros fatores que discutirei mais adiante, minha previsão é que o retorno de Alara aconteça em 2028.

 

 

Dentro da categoria B (raros), temos dois planos que tiveram retornos bem recentes: Ravnica e Ixalan. Embora estes estejam entre meus planos favoritos, considero pouco provável que retornem ainda nesta década. Por isso, para essa categoria, irei apostar em planos que ainda não tiveram retornos, mas que acredito se enquadram como “raros” — planos com bom potencial de retorno, mas que não são centrais no ecossistema atual de Magic.


Comecemos por Ikoria e Capenna. Existem vários indícios de que há projetos em andamento para revisitar ambos. Um desses indícios está relacionado às coleções Assassinato na Mansão Karlov e Aetherdrift. Inicialmente, essas coleções seriam ambientadas em Capenna e Ikoria, respectivamente, mas foram realocadas, pois a equipe criativa da Wotc tinha planos mais sólidos e específicos para o futuro desses mundos.


Outro fator que influencia o retorno de Ikoria e Capenna é o foco em combinações de três cores. Se em 2008 esse tipo de construção era algo raro, hoje é, sem dúvidas, uma das mais populares — especialmente entre jogadores de Commander. A ideia de uma coleção anual ou bienal com foco em tricolores se tornou tão natural quanto os arquétipos bicolores de draft. Por isso, não descarto que planos como Tarkir e Alara também ganhem mais espaço futuramente, talvez até alternando entre si em uma espécie de “rodízio temático” — shards e wedges revezando protagonismo. Afim, Tricolor é a nova guilda.


Na categoria C (incomuns), temos planos com retorno já anunciado, como Arcavios, que voltará em 2026, e os fan favorites Innistrad e Zendikar. Embora esses dois não estejam entre meus favoritos pessoais, é curioso notar que não há nenhuma coleção programada para eles no futuro próximo. No entanto, o aumento constante de decks voltados a terrenos, especialmente no Commander, impulsiona a demanda por um retorno a Zendikar, o lar da mecânica de Aterragem (Landfall). Já o caso de Innistrad é mais delicado. As duas coleções lançadas em 2021 tiveram um desempenho abaixo do esperado, o que pode ter esfriado os planos para uma nova visita. Ainda assim, considerando sua alta popularidade, não creio que fique de fora por muito tempo.


Minha aposta: Zendikar retorna em 2026, seguido por Innistrad em 2027.

 

 

Chegando ao principal plano nesta análise, Eldraine, podemos estimar seu retorno mais provável para 2027. No entanto, embora seja um IP bastante popular, acredito que sua volta possa demorar um pouco mais, acontecendo apenas em 2028. Outros dois IPs que senti ganharem bastante força — especialmente nos meus círculos de convivência — foram Kaldheim e Bloomburrow. Por isso, acredito que ambos também receberão uma segunda visita nos próximos anos.


Infelizmente, Duskmourn e Thunder Junction parecem não ter caído nas graças do público. Por esse motivo, aposto que seus retornos devem demorar consideravelmente mais. Outro fator que dificulta o retorno desses dois IPs é o fato de suas histórias serem extremamente fechadas, o que limita as possibilidades narrativas e torna mais difícil inserir novidades relevantes para o plano ou para o multiverso como um todo.


Dessa forma, chegamos à tabela a seguir, que compila minhas apostas para os próximos anos. É importante lembrar que o tempo de retorno de cada plano pode variar. Por isso, eu diria que o intervalo médio para que esses planos retornem pode ser de até dois anos a mais do que o estimado aqui. Outro fator que pode influenciar esse cronograma é a incorporação dos produtos Universes Beyond ao cenário do Standard (T2), o que pode atrasar o retorno de alguns desses planos em favor de parcerias comerciais e coleções licenciadas.

 

 

● Conclusão

 

O futuro do Magic: The Gathering é misterioso. Muita coisa pode acontecer nos próximos anos e, como podemos ver, ainda há muito espaço para novos planos serem explorados. Mas uma coisa é certa: eu estarei aqui com vocês, nos aventurando pelo conhecido e pelo desconhecido do multiverso de MTG.


Inclusive, no meu próximo artigo, será o momento de explorarmos as Eternidades Cegas e de teorizarmos um pouco sobre a lore de Edge of Eternity. Espero vê-los lá!


Como sempre, agradeço imensamente o apoio de vocês. Se quiserem dar uma olhada nos meus outros artigos para estar por dentro dos últimos eventos da história, é só buscar aqui no arquivo da LigaMagic ou em meu perfil. Na LigaYugioh vocês também podem encontrar alguns artigos que escreve sobre a Lore do Abismo.


Resta a pergunta: Se pudessem resgatar um plot, qual seria?


Um beijo, abraço e até a próxima

Bruno de Montenegro Trujillo ( DinoDille)
Bruno Trujillo, conhecido também como Dingo, é jogador de Magic: The Gathering desde 2018 e de jogos de carta desde 2015. Apaixonado por cardgames e por mundos fantásticos, produz conteúdos escritos sobre eles desde 2017, sendo estudante nas horas vagas e pesquisador de Lore em tempo Integral, também tem como Hobby Boardgames e RPGs. Se for para explorar um novo mundo, ou desvendar suas historias perdidas, este Hobbit estará pronto!
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Comentários
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- 28/08/2025 19:00:23

Ah, isso sim. Mas segundo o Maro, depois de Aetherdrift, as requisições do pessoal pra uma visita solo a Muraganda explodiram nos ultimos tempos. Então há uma grande chance disso acontecer daqui a uns anos. O problema era q Muraganda vivia muito atrelada ao tema Vallina antes de Aetherdrift, e só foi conseguir um "algo a mais" depois dessa coleção. Mas concordo contigo, queria ter visto mais desses 2 planos.

(Quote)
- 28/08/2025 17:40:03

Sim, faz sentido o que diz.. mas ai da acho que queimaram cartucho a toa, poderiam ter deixado Amonkhet e Muraganda para outras coleções com enfoque individual nelas, seria bem mais legal!

(Quote)
- 24/08/2025 23:39:36

Acho q o maior problema de Aetherdrift foi não se focarem nesses 3 mundos. Trouxeram uma enxurrada de equipes de outros planos (maioria sem nome), e ainda quiseram dar lore pra esses mundos. Alacria e Kylem tomaram muito espaço, sendo q a corrida sequer passava nesses lugares, e isso acabou apagando tanto Amonkhet, quando Muraganda.

(Quote)
- 24/08/2025 23:36:10
Não tinha visto esse artigo antes. Mas acho q não haverá mais retornos em 2026. Teremos só 3 planos pra 2026, sendo 2 deles retornos. O 3° plano é um mistério, e dada q a lore atual tem a ver principalmente com os Fomoris, pode ser q seja um plano totalmente novo (para o T2). Acho bem dificil ser Ir, mas dado q esse é o plano mais relacionado aos Fomoris, ele tem uma pequena chance de ganhar uma coleção. Minha teoria é q a ultima coleção de Magic pra 2026 não se passe apenas em 1 mundo, mas sim em alguns, visto q é a finalização de um arco, e geralmente finalizações de arcos se passam em mais de um plano ao mesmo tempo (tendo um plano principal, onde os personagens permanecem mais tempo, mas tambem aparecendo outros planos na história).
(Quote)
- 25/06/2025 07:07:15
Ótima análise, Bruno! Bem completa e sistematizada, parabéns!

Na minha opinião, o maior "erro" da WoTC foi "queimar cartucho" com os planos de Amonket e Muraganda em Aetherdrift, seria bem melhor manter o plano inicial e usarem Capenna e Ikoria como complementos para a corrida e deixar os primeiros planos citados para desenvolverem uma Lore digna... uma pena.

Por fim, visto que teremos a volta das shocklands no Standard em Edge of Eternities, é bem provável que teremos enfoque em coleções com três ou mais cores no futuro próximo. Veremos!
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