“Nunca deixe o senso comum te parar”
- Sita Varna.
Riding Duel, ACCELERATION!!!!!
…
Ops, TCG errado.
17 anos depois do primeiro duelo de Yu-Gi-Oh! Em cima de uma moto, tivemos o primeiro Grand Prix extraplanar da história de Magic: The Gathering. Uma competição que nos prometeu emoção, reviravoltas e principalmente, velocidade. Mas será que a lore de Aetherdrift entregou tudo que prometeu? Anteriormente, tivemos as duas primeiras coleções do arco da Tempestade Dragonica, Bloomburrow e Duskmourn, duas lores sentimentais e repletas de mistérios. Manter o ritmo e qualidade dessa jornada e ainda deixar conteúdo para a parte final dessa história, que se concluirá em Tarkir: Dragonstorm, não seria uma tarefa fácil. Será que Aetherdrift conseguiu alcançar esse feito?
Neste texto, trago a minha review da lore de Aetherdrift, onde eu aponto os piores e melhores momentos dessa história frenética, dando meu veredito quanto a qualidade da mesma. É preciso lembrar que esse é um artigo de opinião, e por tanto leva em conta minhas preferências e gostos. Caso você discorde, deixe um comentário educado deixando seus pontos para que possamos enriquecer essa análise.
Dito isso, Let start your engine!!!

- Chegando com tudo
A história de Aetherdrift começa com alguns elementos bem promissores. De um lado temos nossa já amada Chandra Nalaar, a primeira protagonista dessa história. Aqui, vemos uma Chandra que embora ainda seja infantil em alguns momentos resmungando com sua mãe e namorada, cresceu muito. Mesmo com sua personalidade forte, a filha de Avishkar está menos impulsiva nessa história, usando muito menos suas características chamas alaranjadas para resolver seus problemas e pensando muito mais antes de agir. Inclusive, um dos melhores momentos da ainda planinauta é quando a mesma desiste da corrida para salvar Loot. Para Nalaar, a corrida representava muito mais que glória eterna, mas sim uma chance de poder trazer Nissa para casa e devolver a elfa o brilho no olhar, Mesmo assim, Chandra toma por conta própria a decisão que Gideon tomaria, sacrificando tudo para ajudar alguém em necessidade, mesmo sem conhecer aquele ser. Inclusive, é curioso como essa é a primeira vez que temos Chandra fazendo honrar a memória de Gideon sem citá-lo.
Do outro lado temos nossa segunda protagonista: Spitfire. Eu poderia sentar com qualquer um e falar por no mínimo meia hora apenas sobre Sita Varna e Spitfire, duas figuras tão opostas em apenas uma pessoa. Desde o princípio de Aetherdrift, a dualidade dessa personagem me encantou. De um lado temos a contida e genial Sita, pertencente a uma família que fazia parte da nobreza do antigo regime e constantemente super protegida e controlada por um pai autoritário. Do outro, temos a revolução em forma de Spitfire, a rainha das corridas do submundo, o retrato da nova Avshikar. O melhor de tudo, para mim, é ver que essas duas personas não são como existem separadas, como um Dr. Jekyll e Sr. Hyde, mas sim são dois lados de uma mesma pessoa. Spitfire sempre existiu em Sita e o oposto pode ser dito. No momento final, quando Sita resolve parar de fugir para salvar Pia e Chandra, é o momento em que seu alter ego deixa de ser necessário e a mesma pode se tornar uma só Sita. Uma Sita que não precisa invejar Chandra por sua força, e sim admirá-la quase que como uma irmã.

Não posso deixar de mencionar alguns outros pontos que me agradaram muito. Ao contrário de muitas das edições anteriores, quase todas as criaturas lendárias de duas cores têm pelo menos uma pequena aparição ou citação na história, seja por meio de entrevistas ou através de passagem da corrida que se passa em suas perspectivas. Isso torna eles menos “genéricos”, uma sensação que muitas vezes tenho ao ler a Lore de MTG. Em especial, gostei de como foram trabalhados os Campeões de Amonkhet, um grupo que veio para mostrar que o plano desértico não está e nunca esteve morto, florescendo uma cultura que embora não cultue a morte, sabe valorizar a vida e o sacrifício da mesma em prol do bem maior. Pia, Loot e Daretti me trouxeram vários momentos incríveis, sendo uma ótima escolha de personagens secundários. Como não amar Daretti, um Goblin requintado e cheio de soluções úteis?

Por fim, tenho de elogiar o plot da tentativa de golpe de estado feita pelo pai de Sita. Para mim seria pouco natural se uma classe antes privilegiada simplesmente decidisse apoiar um governo instaurado por uma revolução que lhes arrancou seus status de superior. É natural que os antigos apoiadores do regime queiram restituí-lo. E a forma como isso começa a ser construído é bem interessante.
Mas…
- Curvas Erradas
Depois de um certo ponto, a história faz jus ao seu tema e passa a ser muito corrida. Parece que a corrida só era perigosa enquanto Chandra estava participando, pois depois que a mesma fica presa no Oasis em Amonkhet, só vamos saber o que está acontecendo com Spitfire na linha de chegada de Avshikar. O plot do golpe de estado começa bem, mas acontece tão rápido que até tira um pouco do interesse que estava sendo desenvolvido nessa esfera política de Avishkar. Aliás, o golpe não apenas se desenvolve rápido, como termina de uma forma tão boba que fiquei com um sentimento de “é isso?”. Parece que o golpe estava sendo sustentado apenas pelo Jace, pois assim que o mesmo sai de cena, Mahar e seus aliados perdem instantaneamente. O mesmo pode ser dito sobre a aparição de Ketramose, que não deve ter durado pouco mais de 5 minutos dentro da história e pareceu apenas meio jogada para preencher a cota de lendas a aparecer.
Outro ponto que me causa confusão é justamente Jace e Elspeth. De um lado temos um Jace insano, que está causando dúvidas até em Vraska e que claramente não está em seu estado natural. Eles pegaram um personagem que ajudou a derrubar pelo menos 3 ditaduras ajudando um golpe de estado feito por uma antiga elite autoritária. Do outro temos Elspeth simplesmente aparecendo do nada, o que para mim foi apenas um Deus Ex Machina muito mal feito. Está claro que esses dois estão sendo utilizados para costurar alguma coisa que será concluída com Tarkir: Dragonstorm, mas enquanto não chegamos na parte final desse arco, eu fico com a sensação de que esses eventos são apenas acontecimentos aleatórios que não acrescentam muita a Aetherdrift em si.
Mais uma vez, parece que a Wotc decidiu sacrificar parte da qualidade de uma Lore específica para acrescentar complexidade ao plano geral desse arco, mas a que custo? O mesmo foi feito em Assasinato na Mansão Karlov, que teve o pior resultado em nosso Prêmio Vorthos de 2024, sendo a história com menos premiações..

E na linha de chegada
Essa será a primeira review na qual irei dar uma nota para história, analisando personagens, mundo e enredo em uma escala de 1 a 5 estrelas e depois fazendo uma média para definir a pontuação da mesma. Resumindo bem o que disse anteriormente, por mais que eu tenha gostado muito de Aetherdrift, a mesma não é uma Lore espetacular. Quando estava escrevendo essa review, percebi que estava me esforçando para tentar defender essa história por que tinha gostado de suas protagonistas.
No quesito personagens, Aetherdrift é espetacular, entregando não apenas novos heróis para gostarmos, como até mesmo personagens de fundo interessantes e cativantes. Sita Varna foi uma ótima adição ao quadro de personagens de MTG, e ver tantos personagens já conhecidos sendo bem trabalhados não tem preço. Mas não existe personagem que sobreviva a uma história corrida, não importa o quão interessante seja. Por isso, nesse ponto eu daria ⅘ estrelas.
Enquanto ao mundo, ou nesse caso, mundos, eu darei ⅗ . Por mais que essa coleção tenha se vendido como uma história em 3 mundos, muito pouco é visto de Amonkhet e Muraganda dentro dos capítulos principais. Já Avishikar é mais interessante por seu contexto político do que por outros motivos, tornando essa uma história que assim como o infame MKM, acaba sendo bem genérica. Teria sido muito melhor reduzir para dois planos ou fazer uma história um pouco maior, a fim de mostrar mais de cada universo.
Por fim, o enredo teve um começo muito promissor, mas acabou perdendo força do meio para o fim, se tornando uma história pouco memorável, por isso sua nota vai ser ⅖ , totalizando a nota final de Aetherdrift em ⅗. Talvez se a história de corrida não tivesse sido corrida, teria sido melhor aproveitada.

Conclusões e Reflexões
Deixei propositalmente de fora alguns aspectos relacionados à aparição de Jace, Vraska e Elspeth. Muitas pontas soltas foram deixadas para serem respondidas em Tarkir Dragonstorm e essa será nossa próxima parada. Em meu próximo artigo, vocês irão me acompanhar em uma viagem pelo multiverso, onde investigaremos os últimos acontecimentos para tentar encontrar a resposta para uma pergunta: Qual é o plano de Jace para a lore de MTG?
Falando em nossos companheiros, peço que me ajudem nessa empreitada compartilhando esse e outros textos meus com seus amigos. Deem também uma olhada nos meus artigos na LigaYuGiOh! e conheçam um pouco da Lore desse jogo incrível.
Também ficaria honrado em ter a participação de vocês na sessão comentários deste artigo. Como sempre vou deixar uma pergunta para vocês: Qual foi sua equipe preferida no Grand Prix de Ghirapur.
Um grande abraço a vocês e até o mês que vem
Caramba, três anos ao invés de dois? Pra organizar duas corridas que incluem obras gigantes em um plano devastado? Então tá suave