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Aquele Papo depois do Pro Tour
Banimentos e resultados do Pro Tour.
10/08/2018 10:10 - 7.564 visualizações - 22 comentários
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Olá! Nessa última semana tivemos o Pro Tour 25th Anniversary em Minneapolis, e como não poderia deixar de ser, as conversas sobre bans no twitter, twitch e grupos de whatsapp/facebook não pararam. No artigo de hoje, pretendo comentar não apenas sobre as especulações de sempre, mas também sobre as "novas crianças no bairro" nesse seleto grupo que está sempre na boca do povo. Vou me limitar somente ao Standard e ao Modern, e deixar a palavra no Legacy para especialistas como o Orelha, embora em minha visão de leigo, o formato parece ter ficado equilibrado e divertido sem as doenças de Deathrite Shaman e Gitaxian Probe fazendo parte da card pool.
 
 
"Aquele-que-já-deveria-ter-sido-banido", que teve seus vários argumentos pró/contra de outros carnavais. A simples presença do Goblin inibe os decks de utilizarem bichos x/1 e de estratégias baseadas em fichas. Ele é a volta perfeita para um Teferi ou Chandra dando -3, além de ter um corpo relevante no combate que, combinado de burns, consegue dar conta de qualquer criatura do Standard graças à sua iniciativa. Seu efeito ser exacerbado por Soul-Scar Mage é a cereja do bolo.

A entrada de M19 amenizou um pouco o "efeito Chainwhirler". BR ainda é o deck mais jogado, tanto em suas variações Mono Red Splash como Midrange, mas eu diria que em uma parcela um pouco menor do que era antes. Vine Mare e Thorn Lieutenant, por exemplo, deram nova vida às variações de Mono Green. Nicol Bolas revitalizou o Grixis, enquanto Sai, Master Thopterist fez os decks de Aetherflux Reservoir voltarem com tudo. Zombies e o Turbo Fog, que estouraram no Pro Tour, também se baseiam em cards da coleção básica, sendo adições inéditas ao rol de decks viáveis no T2.

Ainda assim, vimos bastante dominância das variações de BR no Magic Online e no Pro Tour, com números variando entre 30 a 40% do metagame. Tal homogeneidade deve-se por alguns motivos: os cards em sua estratégia combinam versatilidade e poder de fogo. A maioria dos cards são excelentes ofensivamente, exigindo respostas completamente diferentes umas das outras em suas ameaças (Negate nada faz contra Chainwhirler ou Glorybringer remoções choram para uma Chandra, sweepers nada fazem contra Heart of Kiran ou Scrapheap Scrounger). Só que quando necessário, o deck também consegue por o pé no freio e tomar uma postura mais defensiva com as remoções e as várias formas de gerar 2x1s.
 
O Goblin Chainwhirler é o símbolo principal no que considero a epítome do jogo "midrange safe", mesmo com o viés agressivo. Nesse aspecto, o BR se assemelha bastante ao finado Temur Energy, que tinha resposta para tudo e conseguia se adaptar a qualquer situação com respostas versáteis eficientes, ameaças robustas difíceis de serem respondidas que geram card advantage e um sideboard bem equipado para o metagame.

Se deve ser banido? Com a rotação acontecendo logo mais, acredito que seria um erro da Wizards. Boa parte do "pessoal de apoio" do Chainwhirler rotaciona (Bomat, Soul-Scar, Chandra, Hazoret, Kiran), e ainda não sabemos o que Ravnica vai nos trazer em termos de novas estratégias, e mesmo de "hate cards" para decks baseados em vermelho. Banir pela quinta vez desde que lançou Kaladesh seria um golpe forte na confiança do jogo.
 
 
Agora, ao outro "elefante na sala" do T2. O card promocional de Buy-a-Box que os mais céticos vinham chamando a atenção aos problemas derivados da política de distribuição exclusiva. Firesong and Sunspeaker não jogou em nível competitivo, mas ao lançar um Time Walk instant speed e que volta para o baralho a Wizards criou um card não apenas jogável no Standard, mas que possibilitou o surgimento de um arquétipo completamente novo em cima dele.
Mas o que causou bafafá no card não foi o fato de ser broken ou unânime - muito do que seus pilotos conseguiram no Pro Tour 25th foi devido ao deck ser desconhecido e ninguém estar preparado para enfrentá-lo com hate de side. O real problema é a disponibilidade do card no mercado, considerando que ele só existe em versão FOIL (no Pro Tour, tiveram de ser utilizadas proxies com terrenos básicos) e para nós, reles mortais, o fato do preço do card ter estourado (no momento da escrita do artigo, ultrapassou os 45 dólares na SCG).

Assim como o Chainwhirler, não imagino que eles vão banir o card, que tem um power level e presença no meta muito mais baixa, além do fator "confiança no formato". Quanto à questão da demanda, no Magic Online foi fácil de corrigir ao aumentar a frequência com que o card vinha nos baús, mas não sei o quão viável é para a Wizards para fazê-lo no Magic de papel, considerando que eles fabricam e planejam a distribuição das edições com bastante antecedência. Por enquanto, acredito que no máximo eles façam algumas modificações na política de buy-a-box, seja colocando cards ainda mais voltados pro casual, permitindo que o card seja distribuído de outras maneiras ou mesmo acabando com a questão da "exclusividade de distribuição"; mas quanto ao Nexus, o que foi feito já foi feito e fica por isso mesmo.

Os de sempre no Modern: Mox Opal, Ancient Stirrings, Simian Spirit Guide
 
Fast mana gratuita enquanto Chrome Mox segue banida, Griselbrand no turno 1, cantrip melhor que Ponder, e aqueles velhos argumentos que sempre ouvimos. Apesar de Mox+Stirrings estarem flertando com o perigo criando decks cada vez mais fortes baseados neles (Lantern Control, Hardened Scales Affinity, e agora o KCI), eles fazem parte de um "conjunto sagrado" de cards que trazem identidade ao Modern. Affinity "convencional" e Tron com verde (famoso Karn no 3) são pilares do formato desde que Modern é Modern, e são decks que não se recuperariam do golpe em caso de eventual ban.

Da mesma forma, o Símio joga apenas em algumas estratégias mais fringe, como Griselshoal, Rx Prision, Eldrazi Stompy, RG Breach, e obviamente como staple do Ad Nauseam. E atualmente nenhum desses decks está fazendo nada de mais ao formato, além de trazer elementos de variação e imprevisibilidade aos torneios. E embora esses cards estejam longe de ser o que chamamos de "balanceado" ou "justo", tampouco são a fonte de todos os males que permeiam o Modern, devendo permanecer no formato pelos próximos anos já que contribuem bastante ao aspecto diversidade.
 
Os Novos Candidatos: Krark-Clan Ironworks e Faithless Looting
 
A colunista Emma Handy na SCG escreveu um excelente artigo elencando todos os tópicos pelos quais KCI deveria ser banido. De forma resumida, o card promove um estilo de jogo muito similar ao já excluído Second Sunrise, jogando com os Eggs para criar um loop que, embora consiga ir ao infinito com as peças corretas, quase sempre começa de forma incerta, com turnos de dezenas de interações que não garantem a vitória, dependendo dos draws que vierem nas bolinhas. De forma adicional, o deck ainda mexe com regras obscuras do jogo envolvendo anunciação de pagamento dos custos de mágicas, e é surpreendentemente resiliente ao hate - Explosivos atua como peça do combo e resposta universal, bem como o fato do KCI ser uma habilidade de mana e o Scrap Trawler um trigger torna possível jogar em volta até mesmo de um Extirpate (uma Surgical com Split Second) nas peças principais!
 
A presença do KCI também afunilou mais o metagame. Ele é o único combo viável no Tier 1 devido à sua velocidade (com kills que fecham o jogo no turno 2 ou 3 com facilidade) e resiliência (sobrevivendo à múltiplas peças de hate, recompondo-se mesmo de cards como Fracturing Gust e Ancient Grudge). Essa capacidade de "reconstrução" fez com que decks apenas de disruption não conseguissem manter-se tão fortes, e possibilitou a ascenção de decks como Hollow One e Bridgevine que são baseados em ultra velocidade sendo capazes de racear o combo do KCI. Os números de Death Shadow subindo em relação ao que era o deck de Thoughtseize mais mainstream (Mardu Pyromancer) também são, em parte, reflexos disso.

Agora, o card que entrou na roda como "novidade" depois desse Pro Tour: Faithless Looting. Sabe esses Hollow One, Bridgevine, Death's Shadow e Mardu Pyromancer do parágrafo anterior? Todos eles têm esse card em comum. Chega a ser até engraçado que, depois de todos esses anos de Modern, Faithless Looting finalmente foi "quebrada". Diferente de Ponder ou Stirrings, a seleção do feitiço vermelho acaba se transformando em "recurso negativo", ao deixar seu controlador com menos um card na mão após a resolução. Entretanto, ele gera card advantage virtual, sendo maximizado em shells que exploram, ou mais do que isso, levam aos limites, as interações entre mão/cemitério/campo de batalha.
 
Se os cards descartados continuam contando como recursos, então ao invés de termos "R: filtra duas cartas da sua mão, termine com uma carta a menos", o que acabamos adquirindo é "R: cave por duas cartas novas, mantenha todas como recursos utilizáveis". Por apenas uma mana vermelha e um recurso gasto, termina-se com mais dois recursos a serem utilizados do cemitério e dois da mão. Ou um positivo +3. Uma mera questão de perspectiva, ou de potencialização de deckbuilding para os mais técnicos.
 
E é justamente essa simples cartinha que possibilitou a existência de Hollow One, Bridgevine e Mardu Pyromancer, além de trazer o Death Shadow Grixis de volta ao mundo dos vivos após ter sido chutado pra fora do Tier 1 pelos Humanos. No DS, ela ajuda com a seleção das interações corretas para cada matchup, além de garantir um Gurmag Angler rápido e prevenir o flood de mana, sendo exatamente esse o boom de consistência e velocidade que o deck precisava para ressurgir.
 
Quanto à necessidade desse ban, acredito que o card tenha que continuar no Modern. Pode ser que eu queime minha língua, e o surgimento dos decks ultra-rápidos baseados em cemitério acabem sendo prejudiciais ao formato. Afinal, vimos tanto na câmera do Pro Tour quanto pela entrevista de um dos pilotos de Bridgevine que Rest in Peace é lento para interagir com o deck (!!!), sendo que esse é simplesmente o melhor hate de cemitério já inventado da história do Magic. Mas por enquanto esses decks ainda estão na fase de "lua-de-mel", subindo nos Tiers e mostrando ao que vieram, e nem todos os decks e sides estão preparados com contra-medidas eficientes. Geralmente, "dando tempo ao tempo" o Modern acaba se autocorrigindo.
 
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E quanto a vocês, leitores, como enxergam esse velho papo sobre ban depois de cada Pro Tour? Acreditam que algum card deveria levar o martelo? Ou que deveria continuar jogando T2/Modern? Compartilhem suas opiniões sobre essas polêmicas nos comentários!
 
Abraços e até a próxima!
 
 
 
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Matheus Akio Yanagiura ( sandoiche_13)
Matheus Akio Yanagiura, mais conhecido como Sandoiche, é jogador profissional, escritor e streamer de Magic: the Gathering, produzindo conteúdo com foco para o competitivo do jogo desde 2012. Membro da equipe de e-Sports LigaMagic Bolts desde sua formação inicial, dentre seus resultados destacam-se a classificação para o Neon Dynasty Championship, o título do ManaTraders Series Legacy, o vice-campeonato da Twitch Rivals e o Top 8 do Magic LATAM Challenge, além do bi-campeonato do Circuito LigaMagic Modern e Top 16 Grand Prix São Paulo 2018 no Magic Tabletop.
Redes Sociais: Twitch, Facebook, Instagram, Twitter
Comentários
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- 14/08/2018 12:41:22

kkkk.. Eu sei mano, isso não é sofrer nem chorar como outros ai disseram.. É simplesmente analisar e projetar o formato com as informações que temos...

Azcanta e Teferi são tão fortes em sinergia que mudaram até o meta do Modern e subiram de patamar o UW Control.. E os aggros tão perdendo mto mais do que os controles com a rotação. Isso é um fato.

Mas aguardemos Ravnica ansiosos...

(Quote)
- 14/08/2018 09:56:10

Banir ancient não mata o tron, só o deixa mais lento, e com menos consistência. Se isso acontecer , talvez vejamos o U/X Tron voltando a ativa tb.

(Quote)
- 14/08/2018 03:03:12
ban no ancient ai r tsmo sussa. ps. morte ao tron
(Quote)
- 13/08/2018 21:51:31

WTF?

(Quote)
- 13/08/2018 15:09:58
eu acho que cada vez que cada vez mais se mostra que o banimento do twin foi um erro.

Vejo o modern caminhando pra um formato de decks super aggressivos ou combos ultra rápidos.

Twin obrigava essa galera a ter alguma interação. na época do twin tinha os midranges jogáveis (abzan, jund)

Fora fatal push e outros cards que não existiam
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