Quando iniciei minha trajetória no cenário competitivo do Pauper, um dos objetivos que estabeleci para esta temporada era conquistar uma das vagas para o CLM e, neste último sábado, depois de participar das cinco etapas classificatórias da loja aqui da cidade e disputar o top 8, pude alcançar esse importante objetivo.
 

Lembrando um pouco do tema do meu último artigo, um dos pontos mais importantes para evoluir no Magic chama-se planejamento. Planejar a temporada de acordo com a sua disponibilidade e com o calendário de torneios de seu formato preferido é fundamental para que consiga, não só atingir, como definir os seus objetivos.
 

Quando participo de circuitos em lojas pequenas, é muito comum jogar repetidas vezes com os mesmos jogadores fazendo com que eu tenha uma boa noção do ambiente da loja, permitindo-me realizar pequenos ajustes no maindeck e, principalmente, no sideboard. 
 

O deck que escolhi para me levar ao CLM foi o Izzet Delver, por ser, sem sombra de dúvidas, um dos três melhores decks do formato e também por já estar familiarizado com sua estratégia e ter tido boas experiências anteriores com o deck.  

Como fiquei em primeiro na classificação geral, já estava automaticamente classificado para o top 4 da etapa eliminatória, tendo a vantagem de poder estudar com mais precisão meus possíveis adversários. Imaginei que os demais jogadores da minha chave viriam com os mesmos decks que utilizaram nas etapas anteriores, portanto me preparei para enfrentar GW Auras, Affinity ou Elves.
 

No lugar da lista tradicional que utilizei nas últimas etapas, optei por entrar com 1 Swirling Sandstorm no main deck no lugar de 1 Augur of Bolas e fui com um sideboard mais voltado para Auras e Affinity, utilizando 3 Gorilla Shaman e 2 Aura Flux.
 

Como esperado, o jogador de Affinity acabou sendo o meu adversário, só que ao invés dele aparecer com a lista convencional, surgiu com uma versão bem diferente, explorando criaturas mais rápidas, como Vault Skirge, Ornithopter e Glaze Fiend.

Neste ponto é preciso se adaptar a situação, entender rapidamente o que muda entre as duas versões e qual postura assumir durante a partida. Saí de casa pensando em entrar com 3 Gorilla Shaman, 3 Hydroblast e 1 Swirling Sandstorm, retirando Lightning Bolt e Ninjas, mas com tantas criaturas flying, a segunda Sandstorm se tornou desnecessária e preferi entrar com 1 Electrickery para ter mais uma mágica para lidar com Glaze Fiend. Lightning Bolt, que costuma ser ruim contra a lista tradicional, passou a ser uma boa opção, já que lida muito bem com criaturas pequenas.

Venci o Affinity por 2-0 e consolidei um bom início de temporada no Pauper. Ao longo de todas as etapas, se desconsiderarmos os Ids (intentional draws) e concessões, terminei os classificatórios com o seguinte recorde: 13-1. Se somarmos com a performance que obtive no Super Pauper do CLM 10, o saldo fica ainda mais positivo: 18-1-1.

Para quem gostou da proposta do deck, mas ainda tem dúvidas de como pilotá-lo, há pouco tempo escrevi um artigo de duas partes (link parte 1 / link parte 2) sobre o Izzet Delver, com detalhes sobre a sua estratégia, side in / side out, dicas e tudo que penso a respeito do arquétipo.
 

Muitos jogadores me procuram para pedir conselhos sobre a lista ideal de Izzet Delver, mas o que tento explicar é que, mais importante do que a lista, é como jogar com o deck. Apesar de ser possível realizar pequenas alterações, entendo que 95% do maindeck não deveria ser alterado, restando apenas 3 slots que devem ser adaptados de acordo com o ambiente do torneio que irá disputar.

Base Izzet Delver (57 cartas)

3 Ash Barrens
9 Snow-Covered Island
2 Snow-Covered Mountain
4 Evolving Wilds
3 Augur of Bolas
4 Faerie Miscreant
4 Delver of Secrets
4 Ninja of the Deep Hours
4 Spellstutter Sprite
4 Counterspell
 
2 Gush
4 Skred
3 Ponder
3 Preordain
2 Lightning Bolt
2 Brainstorm
 

Para estes 3 últimos slots, costumo incluir mais uma cópia de algum cantrip,Lightning Bolt ou Augur of Bolas, mas também já experimentei opções como: Daze, Vapor Snag, Echoing Truth, entre outras techs.
 

Por se tratar de um deck que utiliza muitos cantrips, é comum que você tenha que tomar diversas decisões ao longo dos turnos, dificultando a experiência de quem está se aventurando pela primeira vez com o deck. Não é um deck recomendável para quem está iniciando no Magic, mas há outras opções competitivas muito mais fáceis de aprender do que o Izzet Delver.
 
Percebo que muitos jogadores ainda possuem dúvidas em relação a função de cada um destes cantrips e qual o momento ideal para se utilizar cada uma destas opções. Tentarei, através de um breve resumo, explicar a particularidade de cada uma destas cartas e por qual motivo está sendo utilizado o split atual.
 
Brainstorm
 
A principal justificativa para o número de Brainstorm ser inferior aos demais cantrips é que Brainstorm não funciona tão bem como os outros em mãos com apenas um único terreno. Enquanto Ponder e Preordain te possibilitam limpar o topo nos casos em que a segunda fonte de mana não é encontrada, Brainstorm não resolve o seu problema e faz com que você fique bons turnos sem comprar terreno.
 
Em compensação, Brainstorm é o melhor cantrip para comprar no late game, já que te ajuda a trocar cartas “mortas”, paradas em sua mão, por três novas cartas, além de funcionar muito bem com Delver of Secrets, Augur of Bolas, Ash Barrens e Terramorphic Expanse. Inclusive, um dos erros mais comuns são jogadores “gastarem” rapidamente as Ash Barrens e Terramorphic Expanse no início do jogo, reduzindo exponencialmente o potencial do BS no late game.
 
Outro ponto importante que muitos esquecem é a possibilidade de utilizar Brainstorm durante a fase de manutenção em resposta ao trigger do Delver. Desta forma, você consegue manipular o topo e fazer com que o Delver seja flipado no mesmo turno. 
 
Ponder / Preordain
 
Ponder e Preordain possuem efeitos bem semelhantes e, por este motivo, entram na mesma quantidade no deck. Há situações em que comprar uma carta a mais tem sua relevância, enquanto há outras situações em que decidir quais cartas ficam no topo e quais devem ir para o fundo são mais relevantes.
 
Independente de qual cantrip está sendo utilizado, o mais importante é entender que eles são peças fundamentais na construção de sua base de mana e raramente devem ser substituídos na lista. Conheço muitos jogadores que não sabem o que tirar na hora do sideboard e erroneamente optam por retirar cantrips, deixando o deck mais suscetível a mulligans.
 
Outro ponto em que sou questionado frequentemente é sobre a utilidade do Echoing Truth na lista. A principal vantagem é a sua versatilidade, dando a oportunidade de o deck lidar com situações em que Skred e Lightning Bolt não são suficientes, como por exemplo:
 
 - Interromper o combo de Atog, Kiln Fiend ou Nivix Cyclops com Temur Battle-Rage;
 - Remover de jogo todos os tokens gerados por Battle Screech ou Kuldotha Rebirth de uma só vez;
 - Devolver uma criatura para mão do Stompy, evitando a criação de um token pelo Elephant Guide;
 - Devolver para mão um Gurmag Angler no início do jogo ou um Vanguard, que tenha ficado muito grande rapidamente;
 
Caso o deck que esteja enfrentando não te possibilite nenhuma destas ações ou tenha muitas criaturas que são beneficiadas com efeitos ao entrar em jogo (ex: Tron ou UB Flicker), o Echoing Truth deve ser substituído nos games pós side.  
 
Se vocês possuírem mais alguma dúvida específica sobre o Izzet Delver, fiquem à vontade para realizar os seus questionamentos na sessão de comentários, pois responderei a todas as dúvidas. 
 

Neste final de semana disputarei o meu primeiro classificatório para o Nacional Pauper, começando a jornada para o meu segundo objetivo nesta temporada. Ainda estou na dúvida se jogarei com o Izzet Delver ou se testarei algo diferente. Na próxima semana, conto qual deck escolhi e como foi minha experiência no torneio.
 

Agradeço a leitura e até a próxima!